NOS SILÊNCIOS DA ALMA
Princesa,
Quase sempre os silêncios guardam segredos, alimentam sonhos, espreitam outro futuro.
Por vezes faço desses silêncios uma canção da alma, onde consigo adivinhar o que gostaria que acontecesse nos teus voos que vais fazendo por tantos canteiros.
Logo, amanhã, depois e depois, outros sentirão este silêncio, de várias formas. Alguns esperarão pelo seu trabalho e com o seus colegas, cantarão as canções das suas almas, corações ou mentes, outros procurarão nas dúvidas, os segredos que encobrem esses silêncios, e na contemplação tranquila, vão acreditando que a serenidade há-de acontecer e alimentar esses sonhos.
Quando se alcança esse sossego, é porque os sons do Mundo à nossa volta se apagam e aquietam. Talvez seja o que procuro e desejo hoje e agora, a pensar nos teus desejos, nos teus sonhos, nos teus silêncios, nos teus segredos.
Penso em TI, minha pequena Princesa, que aqui me trazes tantas vezes e vou meditando nas tantas coisas que de ti disseram.
Parecia? Parece que já não havia lutas, nem dor, nem preocupação. Para alguns, apenas conta o que julgam da sua experiêbcia aprendida nos livros, e ali formulada a troco de quê?
Será que tudo FEZ SENTIDO?
E TU? E TU ONDE ESTAVAS?
Onde te colocaram, ou onde te encontras, cada vez que cada testemunha pronuncia o seu saber, a sua verdade, as tuas atitudes vistas por cada um?
EM SUMA, O TEU NOME TANTA VEZ PRONUNCIADO... ESMERALDA.
AH, minha pequena pérola... Com perfumes de amor, muita atenção, ciência apurada, intuição viva, afinal tens sido tão violentada...
Quem dera que pudesses RESPIRAR EM CADA FLOR, VOAR COMO UMA BORBOLETA, encontrar a beleza e a sabedoria, que os outros julgam ter, mas que só tu conheces e sentes. Sim! Mas és tão pequena ainda, para poderes afirmae e denunciar como vives a tua... Sim, a tua verdade inquestionável, na forma como te obrigaram a viver a vida que não pediste, que não escolheste.
Cegos os que não querem ver, como à tua maneira, tu derramas AMOR, desentendido por quase todos os que, com mais ou menos sabedoria, foram convidados a te proteger.
Como se nessa super protecção, ou como alguém saliebtou a "sobrepsiquiatrização" e os seus riscos que só agora foram abertamente denunciados, TU PUDESSES RESPIRAR LONGA E PROFUNDAMENTE sem o peso dessa protecção que não te soube proteger.
Não quiseram, não souberam, ou não puderam tentar, lenta e suavemente, respirar contigo, a suave e doce simplicidade da vida que não te foi facilitada, nem ta deixariam viver...
Aqui no meu canto, longe de ti fìsicamente, tento respirar profundamente e na saudade e na ternura que sinto por ti , pela tua querida mãe Aidida, e pelos teus pais de coração, sinto-me pequena e fico triste por sentir como tem sido possível, deixarem uma criança como tu, linda, doce, maravilhosa, sofrer tanto assim.
AI Princesa, amo de forma especial as crianças porque ALGUÉM as pôs no meu caminho e tu entraste na minha vida sem eu esperar, mas no meu coração, tens e terás sempre, um terno lugar, bem como a tua família alargada e alguns amigos que tornaram o meu MUNDO maior e mais rico.
Os "meus meninos" tornaram-se teus amigos. Tu sabes isso, já vivemos um pouco essa experiência, mas porque não poderás sentir esse experiência mais vezes?
Os grandes sabem que os meninos sózinhos não podem caminhar, se os mais crescidos que zelam por eles, não proporcionarem, motivarem e incentivarem mesmo, essas caminhadas que podem ser desejos vividos a medo, em silêncio, porque num lugar onde a criança seja ELA PRÓPRIA, ela será capaz de mover montanhas para chegar onde gosta. Isto foi falado em Tribunal. Será que os entendidos perceberam? E será que hoje mesmo, enviaste um beijinho pelo telefone à tua mãe, ou aos teus pais de coração, bem como aos teus amigos mais distantes do Cabeçudo?
Será que a Sra. Profesora teve a lembrança de levar consigo, um desenho teu, para o mostrar como prenda para todos, e como a PRESENÇA DA ESMERALDA, ali falada, tão presente no discurso, mas talvez ignorada nos mais pequenos pormenores de quem se considera educadora.
Saberão elas? Conhecerão elas a verdadeira Esmeralda que eu tenho a felicidade de conhecer? A que docemente e em momentos de intimidade, acorda a mãe Aidida com beijinhos que quando cansada pelo trabalho adormece antes dela? E que quando se sente solta, é capaz de se mostrar sem medos e viver os fins de semana em família e em harmonia?
Que terás tu de fazer, para que pensem em ti a sério e para que analisem os teus sentimentos e aquilo que tu queres e gostas?
Que terás tu de fazer, para que todos te amem de verdade, e para que não tenhas de mentir ou fazer de conta, jogando a tua forma de não quereres fazer sofrer os que te amam?
Há uns dias, sem talvez terem alcançado o forte e verdadeiro alcance do termo, apelidaram-te de "cuidadora dos adultos".
Têm receio que sejas ouvida informalmente e permitiram que conscientemente sejas "cuidadoras dos adultos para não os magoar". Mas há quanto tempo tu tens essa missão?
Que dureza esta ao deixarem inverter os papéis na tua vida. Quem serão verdadeiramente os teus cuidadores?
Os verdadeiros sabem-no, os outros Não!
Porque se percebessem a crueldade dessa missão para um criança, não deixariam sequer que alguém o pronunciasse.
Recordo ainda o primeiro dia em que te conheci, naquela tarde quente de verão. Os teus olhinhos eram doces e profundos, a tua naturalidade surpreendeu-me. Meses depois, creceste tanto... O teu olhar tornou-se mais adulto. O teu cansaço faz-se notar. Os teus olhos profundos sugeram alguma interrogação, e sem dares por isso, mesmo em silêncio, interrogas o mundo à tua volta, não sabes como, nem qual foi a tua culpa, nesta espera ...
Volto a referir aqui o meu cantinho, pequeno é certo, mas onde saboreámos a tua presença e os teus momentos de descontracção, junto dos amigos e da tua família materna.
Por isso, dou Graças, sempre serás pertença desta casa, onde te vi sorrir, conversar e partilhar um pouco da intimidade que para alguns soa talvez a silêncio, ou talvez à grande capacidade de seres afinal uma valente Cuidadora de Adultos.
Aqui Não! Há muito que aprendi com outros meninos como tu, como é belo saber escutá-los e receber as suas maravilhosas lições de vida. Talvez por isso o meu coração de mãe, avó, amiga, sente à distância e consegue escutar o teu silêncio.
Muitas noites, no silêncio do dia que passpu, o meu pensamento voa através da brisa e do vento e enquanto o sono não chega, sinto o aconchego e a ternura que tenho para te oferecer, mais dias, outros dias.
Unir-te-ei:
A todos os meninos do Mundo que em sofrimento estão sós ...
Aos que como tu roem as unhas, para que não dês mais esse trabalho e para que alguém tente perceber as razões porque o fazes ...
Aos que como tu não gostam de peixinho ... Não esse um dos teus gritos de rejeição?
Mas recordo com graça os teus gostos e a forma como te deliciaste. Esses não os vou dizer aqui.
Ai quantas coisas tu guardas nas caixinhas de surpresas ... Mas só tu, cheia de força e coragem, UM DIA ... mais perto ou mais longe, serás capaz de contar a tua história. E se esse tempo estiver quase, tu serás capaz, como jáfoste, de dizer o que são os teus desejos.
Nas nossas cores preferidas, encontrarás a forma e a verdade, para seres TU.
Agora ou mais tarde, irás finalmente concluir que tal como entendias, a VIDA e os SENTIMENTOS, não se medem pelo calendário, que precisamos de cumprir, é certo, pois há decisões que podem mudar a nossa vida.
Que Deus te abenço meu ANJO.
(Assinarei com o nome que me chamaste: B...a - m...u b...o)