domingo, 22 de fevereiro de 2009

Quem foi a mãe de Esmeralda desde os três meses até aos sete anos?


Relatório de Avaliação Psicológica efectuada a Adelina Lagarto no Instituto de Medicina Legal (Delegação do centro), no âmbito do Proc. 1149/03.3TBRNV-G – Alteração da Regulação do Poder paternal, que decorre no 2º Juízo do tribunal Judicial de Torres Novas.
1) Matrizes Progressivas de Raven, prova utilizada para avaliar o nível intelectual global.
Resultado: 34 (trinta e quatro). Este valor enquadra-se no limite superior da Classe Médio (valores entre 21 e 34), garantindo a existência de um nível intelectual compatível com a normalidade, comparativamente ao esperado para a população em geral.
2) Inventário Multifásico de personalidade de Minnesota (MMPI)
Resultado:- Todas as escalas de validade se encontram dentro dos padrões normalizados, podendo o perfil clínico ser considerado válido.
- Analisando a distribuição das escalas clínicas, verificamos estar em presença de um perfil com valores dentro da normalidade, sem evidência de psicopatologia, estando as principais características de personalidade da examinada associada à escala 6 (paranóia), a mais elevada com 68 pontos. Este padrão de resposta, numa dimensão normal, e no sexo feminino, determina uma personalidade com características de hipersensibilidade, desconfiança e ressentimento (que deverão ser entendidas à luz das ocorrências a que a examinada tem estado exposta). Por outro lado, revelam-se pessoas generosas, francas, cautelosas, racionais, com espírito de iniciativa.
3) BSI (Inventário de Sintomas Patológicos), que inclui 9 factores (somatização; obsessão; sensibilidade interna; depressão; ansiedade; hostilidade; ansiedade fóbica; ideação paranóide; psicose)
Resultado: Total de 3 (três) pontos
É de realçar que todas as dimensões revelam valores normais (situados no intervalo dos resultados obtidos, na investigação, para o grupo dos indivíduos sem perturbações emocionais). Pode-se concluir que não existe sintomatologia psicopatológica invalidante.
4) E.P.I. (Inventário de Personalidade de Eysenck)
N (Neuroticismo) = 02 média = 11,37
E (Extroversão) = 11 média = 12,5
L (Mentira) = 06 média = 3,8
Estes valores determinam traços de personalidade onde predomina a estabilidade emocional a níveis de extroversão médios. É um padrão de resposta habitual em personalidades calmas, controladas, moderadas, mas dinâmicas.
5) Escala de Auto-Avaliação de Ansiedade-Estado de Zung
Resultado: 22 (vinte e dois), encontrando-se dentro da média de acordo com o grupo etário e sexo, podendo concluir-se que a examinada não revela tendência para reagir com índices excessivos de ansiedade, mesmo quando colocada perante situações de grande tensão emocional.
6) QVS – Questionário de Vulnerabilidade ao Stress (que inclui sete factores: Perfeccionismo/intolerância à frustração; Inibição/dependência funcional; Carência de apoio social; Condições de vida adversas; Dramatização da existência; Subjugação; Deprivação de afecto/rejeição).
Resultado: A nota global obtida foi 25 (vinte e cinco). Pressupõe estarmos perante uma pessoa que reage razoavelmente ao stress. No entanto, em duas dimensões a examinada revela alguma vulnerabilidade: Subjugação e Dramatização da existência (factores que determinam tendência para valorizar as ocorrências negativas da vida) .
7) IRP – Inventário de Resolução de Problemas (escala de auto avaliação que permite obter uma nota global e valores informativos relativos a 9 factores: pedido de ajuda; confronto e resolução activa dos problemas; abandono passivo perante a situação; controlo interno/externo dos problemas; estratégias de controlo das emoções; atitude activa de não interferência das ocorrências da vida quotidiana; agressividade internalizada/externalizada; auto responsabilização/medo das consequências; confronto com o problema/planificação de estratégias)
Resultado: Os resultados obtidos indicam, na globalidade, que a examinada dispõe de estratégias para lidar com as situações de ameaça, dano e desafio, com que se depare e para as quais não tenha respostas de rotina preparadas.
8) PSI – Índice de Stress parental (questionário destinado a avaliar o grau de stress que o desempenho da função parental poderá desencadear e que não avalia stress desencadeado por outras situações)
Resultado: Após análise dos resultados, verificamos que o total se situa no percentil 10 (dez). De acordo com o manual deste instrumento de medida, o ponto de corte a partir do qual se considera que a função parental desencadeia stress patológico é 85 (oitenta e cinco). Pode-se concluir neste caso que, no desempenho de funções parentais, a examinada desenvolve níveis de stress mínimos, compatíveis com o exercício da parentalidade.
Conclusão:
Tendo em conta os resultados obtidos nas diferentes provas psicológicas a que a examinada foi submetida, bem como através do contacto mantido com a mesma, podemos concluir o seguinte:
- Revelou possuir um funcionamento cognitivo global compatível com a média esperada para a população em geral.
- Na avaliação das características específicas da personalidade, verificou-se a inexistência de sintomatologia patológica.
- A estrutura da sua personalidade está assente em traços de estabilidade emocional, com níveis moderados de extroversão.
- Os resultados obtidos em relação à vulnerabilidade ao stress indicam que é uma pessoa que reage razoavelmente ao stress, apresentando níveis de ansiedade considerados dentro da normalidade.
- Possui estratégias para lidar com situações de ameaça, dano e desafio com que se depara e para as quais não tem respostas de rotina preparadas.
- No exercício da parentalidade, a examinada desenvolve níveis de stress mínimos.
Nota da Direcção do Blog: Podem agora todos os amigos do casal Luís Gomes e Adelina Lagarto confirmarem aquilo que parecia ser. Neste caso, o que parece também é.
Ficamos todos muito mais tranquilos, muito mais cientes das nossas certezas e sobretudo muito mais fortes nas nossas esperanças e sonhos.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

CITANDO ALGUMAS REFLEXÔES

- Nenhuma criança, por melhor fundo que tenha (seja lá isso, o “fundo”, o que for) resiste a fazer de tirana numa história como esta.

Se responder mal a alguém, quem é que a castiga? Se fizer uma asneira, quem tem coragem de se zangar com ela? Se tiver um desejo, quem se atreve a não o concretizar? Estamos a ouvi-la: “Já não gosto de ti”. Todas as crianças o dizem — mas aqui tem um significado diferente. Pode ser acrescentado de “gosto é do meu outro pai”.


- Esta história é como as tragédias de Shakespeare: nela não se encontra um único inocente, todos carregam consigo alguma forma de culpa, ...

- Já lá vão, portanto, 57 meses de decisões judiciais absurdas, onde o interesse de Esmeralda foi sendo triturado por uma justiça cega, lenta e insensível, que quer fazer nascer um novo pai de acórdãos obscuros, ao ponto de os técnicos que seguem a criança terem decidido saltar fora do processo. Por tudo isto, o melhor mesmo talvez seja atribuir a culpa à própria Esmeralda. A terrível e definitiva culpa de ter nascido. Alivie-se de uma vez a consciência de todos os intervenientes no processo, e que ela faça como na Canção Desnaturada de Chico Buarque - volte depressa para a escuridão do ventre da sua mãe, de onde, para descanso da nossa justiça, nunca deveria ter saído.

- Numa reacção à decisão do Tribunal da Relação de Coimbra que ordena a entrega da menor ao pai até final do ano, os médicos que têm acompanhado a menina criticam o acórdão judicial, que vem contrariar aquilo que entendem ser o melhor para a criança.«Esta é a principal razão pela qual não nos poderemos co-responsabilizar antecipadamente por aquilo que entendemos ser completamente errado», refere o relatório, que aponta também riscos de «desenvolvimento de uma perturbação da personalidade».

- Ao que parece em Portugal, as sentenças referentes a crianças não resultam de decisões informadas e ponderadas por adultos responsáveis, mas são antes experiências de laboratório. Testa-se, e depois vão-se medindo os resultados. Na prática a criança «referenda» as decisões dos tribunais.

- Julgava eu que tínhamos as crianças a cargo, porque éramos capazes de escolher o melhor para elas ...

- ... o problema de casos como estes, em que a Justiça baralha e torna a dar, é que nos deixam com uma total sensação de impotência, e preferimos desligar: afinal, aquela criança não deve ser como as nossas!

- Em Portugal, alguns juízes parecem considerar que os psicólogos e os centros de saúde mental são lavandarias. Está «traumatizada», não faz mal, manda-se para a lavandaria de Coimbra. Se afirmam que há risco da «nódoa» não sair, então é porque não prestam. Que tal a lavandaria de Santarém? As referências são boas, que siga para lá a criança. Também não querem obedecer ao tribunal garantindo uma «limpeza» completa? Despeçam-se e entregue-se a alguém que se ofereça para fazer a barrela à menina ...

- ... a persistência destas pessoas em ler quem discorda delas, em insultar e repetir argumentos fastidiosos e tão "branco no preto" (do género, "a menina agora é que está feliz"), talvez demonstre que , afinal não estão assim tão seguros de que este seja o final feliz, e queiram a todo o custo, fazer calar os outros, uma espécie de consciências que não querem ouvir!

- Pensem no que sentiriam se soubessem que estava iminente serem retirados aos vossos pais (duvido que queiram pensar nisso).Coloquem-se no lugar da criança!

- As leis Lei (do verbo latino ligare, que significa "aquilo que liga", ou legere, que significa "aquilo que se lê") é uma norma ou conjunto de normas jurídicas estabelecidas pelas autoridades competentes. Mas será que sempre que as leis são aplicadas a justiça e´feita? São muitos os casos em que esta pergunta fica sem resposta.

- Felicidade de Baltazar de um lado e, do outro, a tristeza do sargento Luís Gomes, que perdeu a guarda da menor que criou por sete anos.

- O Tribunal de Torres Novas justificou a decisão por "inexistência de reacções negativas" da menor.Agora que o futuro de Esmeralda foi decidido fica a pergunta: será que a decisão foi justa?

- O Tribunal entregou a menina ao Pai até porque a adopção não terá sido feita dentro dos parâmetros legais.A menor de momento sofre de "problemas de ansiedade" e "instabilidade emocional", afirmações estas feitas pela Pseudopsiquiatra.

- ... sempre que o bem-estar duma criança colidir com o «interesse» do progenitor eu não teria dúvidas em beneficiar a criança.

- Esmeralda ou o desrespeito pelos direitos das crianças

- O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) não considera a parentalidade biológica, desprovida de factores adicionais (a relação afectiva, o cuidado diário da criança e a responsabilidade financeira), como uma relação familiar protegida pelo art. 8.º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Mesmo quando entende que os Estados violam os direitos dos pais biológicos, tem sido jurisprudência uniforme do TEDH que os direitos parentais não podem ser exercidos à custa da criança, não envolvendo, por isso, a desintegração das crianças da família afectiva em que se encontram, nem direitos de visita coercivos dos pais biológicos. Os direitos dos pais cessam quando começam os direitos da criança ao livre desenvolvimento, ao bem-estar psicológico e à estabilidade. Os tribunais protegem tanto a paternidade biológica, que até se referem a situações juridicamente impossíveis! Por isso, já tenho também assistido, no Tribunal de Família e de Menores, a ordens judiciais que mandam a GNR procurar pais biológicos que não querem perfilhar, mesmo quando a criança pode ser adoptada, por abandono da mãe. Enquanto isso a criança espera na instituição, como se fosse um objecto guardado para ser entregue ao proprietário... É este o estado do direito das crianças, em Portugal. Espero que o STJ venha a evitar um recurso para o TEDH, adoptando o princípio da prevalência dos laços afectivos, neste tipo de processos.

- Enquanto isso, continuamos a assistir ao prolongamento do sofrimento da menina de Torres Novas e de tantas outras...

- Por razões que só a ela dizem respeito, a progenitora da Esmeralda considerou não ter condições para a criar. Não a abandonou, nem na roda da porta do convento, como se usava antigamente, nem na plataforma de partidas e chegadas que é um aeroporto ...

- Sabe-se lá com que nível de sofrimento, confiou-a à guarda de um casal, e até se deslocou a um notário para colocar preto no branco a sua vontade ...

- O casal que tomou conta da Esmeralda decidiu oficializar a sua opção de adoptar a menina. Tivessem seguido o exemplo laxista de todas as instituições que até ali contactaram com a criança e, presumivelmente, estariam os três felizes e contentes e o azar da Esmeralda terminaria, em vez de se transformar no actual pesadelo.Eles pensaram como todos os pais, que subscrevem seguros, porque cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Terão talvez querido evitar a vergonha da criança, quando entrasse na escola e tivesse de entregar uma certidão de nascimento de modelo medieval. Ou pretenderam assumir o orgulho de uma filha, não concebida mas muito amada, a quem gostariam de transmitir uma herança.

- Fosse como fosse, comunicaram ao tribunal a sua intenção de adoptar legalmente e com este acto cândido, despertaram da sua inércia a máquina cega do sistema judicial, que a justiça não é para aqui chamada.

- Dizem agora os juristas que os pais adoptantes deveriam ter colocado o processo na Segurança Social, ao invés de recorreram ao Tribunal.

- Pergunta-se: Como é possível o tribunal, de onde surgem sempre tantas queixas sobre o trabalho acumulado, não os informar dessa circunstância e encaminhar o processo?

- O mesmo tribunal que não se lembrou de responsabilizar quem manteve uma criança mais de dois anos com pai incógnito e, bem sabendo que não tinha jurisdição sobre o caso de adopção, vê ali uma chance de “agir”.Ordena por isso que se localize e identifique o dador de espermatozóide que continuava alheio às responsabilidades da concepção. Como é óbvio, encontram-no facilmente, como o poderiam ter feito outras instituições, escassas 48 horas depois de a menina nascer.

- ... surge o resultado do teste de ADN, cerca de um ano depois e o dono do espermatozóide é, instantaneamente, transformado em pai. Tão pai que a justiça não hesita em entregar-lhe oficialmente o fruto do seu esperma, agora já com mais de 3 anos.

- Pai é pai, dizem os despachos, e logo tem direito à propriedade, titularidade e usufruto incluídos.

- As pessoas que tinham dado o biberão, tirado a fralda, ensinado as primeiras palavras, abraçado, enxugado lágrimas, levado ao médico, comprado os presentes de anos e de Natal, essas não são parte de direito e logo, não têm sequer de ser ouvidas quanto à propriedade chamada Esmeralda e o seu destino.a decisão:a propriedade deve ser entregue a quem colocou o espermatozóide no óvulo e depois logo se vêem as consequências para a menina, agora já com seis anos.

- Nada que atrapalhe o Ministério Público, que deveria defender os espezinhados direitos da Esmeralda, enquanto cidadã portuguesa, nem a comissão nacional de adopção que, ao contrário, acha muito bem o “reencontro familiar”. a sentença em que condena um homem por sequestro, quando o seu crime é apenas recusar-se olhar a sua filha adoptiva como propriedade que pode mudar de dono.

- A magistrada opta por “explicar” o veredicto e lançar invectivas contra o arguido, tipo “nem sabemos se a menor está viva!”.

- O que não podemos continuar a aceitar é o primado de um conceito proprietário de parentalidade com base no material genético.

- ... por muitas voltas que se dêem, a Justiça persiste em ignorar o interesse da criança, e está a querer roubar-lhe o seu referencial de vida - os pais que ela conhece desde sempre, ...

- ... a Esmeralda não está a ser respeitada, e sendo uma criança pequena, que não tem como se defender perante esta violação da sua vontade, o país assiste, impotente ...

- ...sempre vi no sr. Gomes uma postura de homem simples, humilde...nada da arrogância que lhe atribuem os seus detractores. Vi-lhe , sim, sempre, uma atitude firme quanto à defesa da menina . uma vontade de levar por diante a protecção da mesma, e por cujo Amor teve a coragem e dignidade de sofrer a condenação à privação da sua própria liberdade!não insultou ninguém, não mostrou rancor ou ódios, mesmo já estando a sofrer pela falta da sua menina ...

- ... um sr.doutor que se desdobrava em entrevistas pelas televisões...e , pasme-se! Era uma pessoa que destilava ódio , e cujo objectivo principal era insultar e denegrir a imagem do sr. sargento.

- Entretanto, reina uma grande euforia da parte de quem se diz defensor do "pobre" do sr. Baltazar. "Esmeralda venceu!" Esmeralda está felicíssima"! "Esmeralda livrou-se dos raptores"! "Esmeralda não quer ver os sequestradores"...e acrescentam :"Esmeralda é uma menina inteligente, educada, meiga, estudiosa...um amor de criança!"

- ... Afinal...se a menina é assim tão amorosa, é devido ao convívio de apenas alguns DIAS com a nova família?

- Leis que permitem que juízes e advogados tratem destes casos como se de simples trocas de objectos se tratassem ...

- Justiça que permite que casos destes, sensíveis, humanos, delicados, complexos sejam "arrumados" por juíza inexperiente ainda na idade das fraldas da magistratura e aceitando o recurso a técnicos amigos duns senhores ditos "defensores" mas que nada tinham a ver com o caso.

- Um dia, esta criança irá conhecer toda esta história e então perceberáexactamente quem a amou de verdade!Belo país que tão boas leis faz e tão respeitosa justiça aplica!!!

- Afinal,esta “pérola”, porque de uma pérola se trata, não apenas no nome, mas na sua essência de ser humano, bem mereceria um maior cuidado, um maior desvelo e um maior carinho, por parte daqueles de quem depende o desfecho, esperamos que feliz, de todo este espectáculo mediático.

- A Bíblia é omissa quanto às agruras da vida de José, e 2007 anos passados, embora existam celebrações mundiais quanto ao nascimento de Jesus, ninguém se lembra ter ele sobrevivido porque o humano José decidiu ser seu pai, custasse o que custasse.Ao fim de todos estes séculos, o sistema judicial português continua a considerar que gerar é um título de propriedade, os progenitores biológicos têm sempre todos os direitos, e amar uma criança é um acto que a lei pode punir, se não se contribuiu com genes. Afectos? O que é isso?Em nome dessa progenitura biológica, os pais de afecto, os que amam como José amou, de forma incondicional, são destituídos da sua paternidade, por uma legislação que trata as crianças como pacotes sem quaisquer direitos, senão os que os tribunais entenderem conferir e as considera propriedade de quem as gerou.Para quem tem cinco anos e é arrancada da sua cama, da sua casa, dos braços que sempre a envolveram com carinho e ternura, pouco importa a bíblia, as cartas de direitos humanos, das crianças ou a lei.O que fica é um medo enorme, uma solidão sem tamanho e uma marca para a vida inteira. Um cálice pleno de amargura, como aquele que Jesus temia.

Sempre POR ESMERALDA

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quem cuidou da Esmeralda desde os três meses até aos sete anos?

Relatório de Avaliação Psicológica efectuada a Luís Gomes, realizada pelo Instituto de Medicina Legal (Delegação do centro), no âmbito do Proc. 1149/03.3TBRNV-G – Alteração da Regulação do Poder paternal, que decorre no 2º Juízo do tribunal Judicial de Torres Novas.

1) Matrizes Progressivas de Raven, prova utilizada para avaliar o nível intelectual global.

Resultado: 40 (quarenta). Este valor enquadra-se na Classe Bom (valores entre 35 e 45) e pressupõe a existência de um funcionamento cognitivo acima da média esperada para a população normal.

2) Inventário Multifásico de personalidade de Minnesota (MMPI)

Resultado:

- Verificamos que todas as escalas de validade apresentam valores normativos, o que confere credibilidade ao perfil clínico obtido.
- Relativamente às escalas clínicas verificamos que, de igual modo, todas se apresentam dentro dos valores habituais da população em geral, não tendo sido detectada sintomatologia patológica. As escalas mais pontuadas e que determinam as principais características de personalidade do examinado são a 4 (desvios psicopáticos) com 66 pontos e a 6 (paranóia) com 64 pontos. Este padrão de resposta, reflecte traços positivos, incluindo assertividade, franqueza, espírito de aventura, sociabilidade, energia. Simultaneamente revelam-se pessoas sensíveis, emotivas, preocupadas, generosas, de espírito gregário, com uma variada gama de interesses e que se adaptam rapidamente a novas situações, mostrando capacidade de iniciativa.

3) BSI (Inventário de Sintomas Patológicos), que inclui 9 factores (somatização; obsessão; sensibilidade interna; depressão; ansiedade; hostilidade; ansiedade fóbica; ideação paranóide; psicose)

Resultado: Total de 20 (vinte) pontos

É de realçar que todas as dimensões revelam valores normais (de acordo com os resultados obtidos em investigação, no grupo dos indivíduos sem perturbações emocionais), concluindo-se que não existe no examinado sintomatologia patológica invalidante.

4) Escala de Auto-Avaliação de Ansiedade-Estado de Zung

Resultado: 26 (vinte e seis). Considerando que o valor médio para a população em geral é de 33 (trinta e três), pode concluir-se que o examinado revela propensão para reagir com pouca ansiedade, mesmo quando confrontado com situações de maior tensão emocional e de maior complexidade.

5) Inventário de Personalidade de Eysenck (EPI)

Resultados:

N (Neuroticismo) = 02 média = 10,01
E (Extroversão) = 13 média = 12,5
L (Mentira) = 03 média = 4,3

São valores que, do ponto de vista psicométrico, caracterizam uma personalidade medianamente extrovertida e emocionalmente estável. É um padrão de resposta característico em indivíduos activos, optimistas, calmos, moderados.

6) QVS – Questionário de Vulnerabilidade ao Stress ( que inclui sete factores: Perfeccionismo/intolerância à frustração; Inibição/dependência funcional; Carência de apoio social; Condições de vida adversas; Dramatização da existência; Subjugação; Deprivação de afecto/rejeição).

Resultados: A nota global obtida foi 11 (onze). Considerando que o ponto de corte a partir do qual uma pessoa se revela vulnerável ao stress é 43, conclui-se que o examinado é uma pessoa com grande capacidade para enfrentar e lidar com situações indutoras de stress.


7) IRP – Inventário de Resolução de Problemas (escala de auto avaliação que permite obter uma nota global e valores informativos relativos a 9 factores: pedido de ajuda; confronto e resolução activa dos problemas; abandono passivo perante a situação; controlo interno/externo dos problemas; estratégias de controlo das emoções; atitude activa de não interferência das ocorrências da vida quotidiana; agressividade internalizada/externalizada; auto responsabilização/medo das consequências; confronto com o problema/planificação de estratégias)

Resultados: O resultado global de 147 (cento e quarenta e sete) indica que, na generalidade, o examinado dispõe de boas estratégias e competências para lidar com situações de ameaça, dano e desafio, com que eventualmente, tenha de se deparar e para as quais não possua resposta de rotina preparadas.

8) PSI – Índice de Stress parental (questionário destinado a avaliar o grau de stress que o desempenho da função parental poderá desencadear e que não avalia stress desencadeado por outras situações)

Resultados : Após análise dos resultados, verificamos que o total se situa no percentil 10 (dez). De acordo com o manual deste instrumento de medida, o ponto de corte a partir do qual se considera que a função parental desencadeia stress patológico é 85 (oitenta e cinco). Pode-se concluir neste caso que, no desempenho de funções parentais, o examinado desenvolve níveis de stress mínimos, compatíveis com o exercício da parentalidade.


Conclusão:

Em função dos resultados obtidos nas diferentes provas psicométricas a que foi submetido, bem como através do contacto mantido com o examinado, podemos concluir o seguinte:

- Possui um funcionamento cognitivo de nível superior, o que lhe garante, à partida, capacidade de adaptação, de pensar racionalmente e proceder com eficácia em relação ao meio que o envolve.

- A estrutura da sua personalidade está assente em traços de estabilidade emocional, com níveis moderados de extroversão.

- A estrutura da sua personalidade está assente em traços de estabilidade emocional, com níveis moderados de extroversão.

- Não revela tendência para desenvolver sintomas de ansiedade-estado, mesmo quando confrontado com situações de maior tensão emocional e de maior complexidade.

- Revelou capacidade para lidar com situações indutoras do stress, possuindo estratégias adequadas para enfrentar situações de dano, ameaça ou desafio susceptíveis de se prolongarem no tempo.

- No exercício da parentalidade, o examinado desenvolve níveis de stress adequados.

Nota da Direcção do Blog:

A publicação (citação) do relatório supra, tem como objectivo proporcionar a todos os interessados, o verdadeiro conteúdo dos mesmos, desmentindo assim, algumas interpretações pouco idóneas, publicitadas nos órgãos de comunicação social. Neste contexto, também consideramos que não se conhecem motivos bastantes à necessidade de Baltazar realizar os mesmos testes, dados os padrões em avaliação.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

MUITOS PARABÉNS, ESMERALDA


O Tribunal de Torres Novas decidiu que o casal Gomes passa a não ter legitimidade para pedir alteração do poder paternal no caso Esmeralda, podendo intervir no processo, como dependente das iniciativas da mãe biológica e não como parte principal.
Também desta vez o advogado de Baltazar Nunes, Dr. José Luis Martins, considera ser esta mais uma vitória para o pai biológico.

Se calhar, ainda bem para a Esmeralda - enquanto houver vitórias, haverá ...

Convém no entanto, neste momento, relembrar que por muita técnica ou ciência jurídica em que os advogados e os magistrados se têm apoiado, tem sido esquecido o elemento fundamental - É que a Justiça digna desse nome, deveria estar ao serviço dos cidadãos e não o contrário.
Com efeito, neste caso, por muitas voltas que se dêem, o interesse da criança continua a ser ignorado pela Justiça - foi-lhe roubado o seu referencial de vida - os pais, que ela conheceu desde sempre, e que são, segundo a sua mente e o seu coração, os únicos e verdadeiros pais, por muitos outros factores a que somos alheios e que nos tentam mostrar (evidências?) diferentes.

O tribunal atentou contra os direitos fundamentais desta criança, e contra os Direitos da Criança, internacionalmente reconhecidos.
Ou seja, a Esmeralda não está a ser respeitada, e sendo uma criança pequena, que não tem como se defender perante esta violação da sua vontade, o país continua a assistir, impotente. Ao que parece, o tribunal nem sequer respeita o parecer técnico sobre os perigos para a saúde mental da criança.
Desde o princípio do processo, que os tribunais trataram mal o assunto. Depois, foram caindo em erros sucessivos, cada um para tapar o outro, de modo a tentar salvar a face, embora sem sucesso, porque já toda a gente percebeu a forma pouco recta como um assunto desta delicadeza foi sendo tratado.
Não tenhamos pois receio de continuar a expressar os nossos receios, sobre os graves riscos relacionados com a perda das figuras que considera ser seus verdadeiros pais, o que significa uma “perda inconcebivelmente dolorosa para qualquer pessoa”, em especial para uma menina que passa por uma etapa de desenvolvimento de marcada importância no que diz respeito à sua identidade e identificação (...), o que intensifica ainda mais o sofrimento (...).
A nossa menina fará amanhã sete anos de idade, e tanto que já terá para contar ...
Mas Deus quando fecha uma porta abre sempre uma janela. E estamos certos que assim será. Esmeralda poderá um dia encontrar alguém, em que verdadeiramente confiará, para poder desafogar um aperto na alma, que a todos os adultos responsáveis, devia envergonhar.
MUITOS PARABÉNS ESMERALDA

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Comentário de Maria de Lourdes, em 9/02/09

Eu, Maria de Lourdes digo:
Abençoados sejam aqueles que por Amor à Justiça e á Verdade, souberam transmitir tão profundamente o SENTIR AMORDAÇADO de uma menina que seja qual FÕR o SEU NOME NO PAPEL, TEM REGISTADO NO SEU CORAÇÃO A MAIOR HISTÓRIA DE AMOR AQUI ESCRITA e PARTILHADA.
LEIAM,LEIAM AS VEZES TODAS que forem capazes, FECHAI OS OLHOS e FAÇAM como a minha pequenina LAURA que na sua escola de vez em quando se senta na "CADEIRA DO PENSAMENTO"
Poderemos nós silenciar este apelo?Poderemos nós ignorar esta VERDADE?Conseguiremos nós ficar serenos no nosso canto?
NÃO...
É tempo de cada um que nos escuta:
GANHAR CORAGEM; que significa ARRISCAR O CONHECIDO em nome do DESCONHECIDO...
O nosso FAMILIAR pelo NÃO FAMILIAR.
As Leis injustas causam receio e...
Talvez tenhamos MEDO porque não sabemos se apenas com o poder do AMOR, CONSEGUIREMOS FAZER ESTA TRAVESSIA...
MAS...ESTA É A APOSTA PELA VIDA DESTA MENINA, pelo seu sentir, pela sua felicidade, assente num passado,duvidosa neste PRESENTE E INTERROGAÇÃO NO FUTURO...
Só os que APOSTAM sabem o que é a VIDA...
Arriscaremos talvez: ser caluniados,julgados por formas e métodos que não QUEREMOS NEM USAMOS
Somos muitos, com maneiras de pensar até diferentes, mas sabemos que nesta PEREGRINAÇÃO longa e cautelosa, FAZ SENTIDO TOMAR ESTE RUMO através do "DESTINO" e dos CAMINHOS QUE JUNTOS e pela ANA FILIPA continuaremos a percorrer.
Não somos ingénuos e sabemos que também somos atigidos pela "CRISE MORAL e VAZIA DE SENTIMENTOS que MANIPULAM UNS E OUTROS.
SOMOS GENTE QUE CHORA, QUE RI,QUE TRABALHA, QUE SOFRE, QUE NÃO TEM EMPREGO, QUE TEM FILHOS COM PROBLEMAS, QUE TEM DIFICULDADES FINANCEIRAS,QUE NÃO TEM DINHEIRO PARA COMPRAR REMÉDIOS, QUE POR VAZES NÃO SABE O QUE FAZER PARA COMER, QUE ENTRA NAS LOJAS E NÃO PODE COMPRAR UMA PEÇA DE ROUPA OU UNS SAPATOS... SOMOS GENTE...
MAS, nesta CAMINHADA, queremos ser fiéis e sabemos que como ADULTOS, cabe-nos a nós fortalecer os SONHOS DAS CRIANÇAS TODAS...MAS TODAS. QUER ALGUNS QUEIRAM, QUER NÃO A ANA FILIPA neste tempo é um SIMBOLO para não fraquejarmos ou deixarmos pelo caminho O SEU SENTIR,O SEU APELO AOS DIREITOS QUE A LEI IGNOROU.
SÓ com O PASSADO E O PRESENTE SE FARÁ A SUA HISTÓRIA...
Que valem para nós e para ELA DESLEALDADES? Como poderá uma criança sobreviver saudável a "TANTO FAZ DE CONTA" ?
SOMOS PESSOAS - Não queremos ser HERÓIS VENCEDORES.
Talvez que o estigma do SONHO E DA ESPERANÇA, incomode os que persistem na DIVISÃO e na "MORTE" de uma ANA FILIPA para dar vida a uma Esmeralda. ELA É UMA. ÚNICA.COM ALMA E CORAÇÂO QUE INDIVIDUALMENTE responderá pela VIDA que lhe OFERECEREM.
Só mais tarde poderá PEDIR CONTAS...........
Por agora deixemo-nos embalar pelo sonho que algo de BOM há-de acontecer.
É no SILÊNCIO INTERIOR, é NO SONHO QUE CONTINUAREMOS A ALIMENTAR QUE CONFESSAMOS OS NOSSOS ANSEIOS...
Não É a Cancão que diz? "O SONHO COMANDA A VIDA".....
Quem não compreende esta "magia" nunca compreenderá qualquer coisa vinda dos outros.
ESTARÁ ETERNAMENTE FECHADO E SÓ OLHA PARA DENTRO DE SI...
E qualquer que seja a nossa crença ou a nossa Fé:
Fazei eco da VOZ da ANA FILIPA e REZAI-A SÓZINHOS OU EM CONJUNTO COMO SE FOSSE UMA ORAÇÂO...

"Talvez a Lei não saiba…", de Heliodoro Coragem

Talvez a Lei não saiba, quão forte pode ser o amor, aquele que dói, o tal que nos faz vibrar, o que nos provoca pele de galinha, o que faz o nosso coração bater mais rápido, o único pelo qual deixamos de ser importantes.
A crueldade humana vestiu a pele da Lei. Como pode ela separar o amor, em nome de que direito? Não será do Divino certamente, talvez seja em nome do direito á posse, á posse da coisa. Da posse da coisa, da qual ignora o cheiro, o sabor dos beijos, a temperatura dos lábios, o calor do abraço, do entender dum sorriso, da tristeza ou felicidade de um olhar.
A Lei puniu o mais belo dos sentimentos, em nome do respeito pelo direito, por vós criado, por vós aplicado, por vós exigido.
Pouco importa o sofrimento, quando a Lei prima sobre os valores, de nada vale o amor quando a Lei dita a separação.
Podem todos ter roubado o momento de felicidade plena, podem até ter arrancado um pedaço de mim, que eu não desistirei de amar.
Fui punida de forma expedita, fui rejeitada, pelo meu pai sob a capa de uma reles desculpa, sob o insulto á minha pobre e infeliz mãe.
Esse meu pai que não nos socorreu, não me socorreu, não me alimentou, que nada até hoje me deu, senão sofrimento, medo, insegurança, nem tampouco um grito ou uma tapa.
Estou condenada a ser sequestrada em nome da Lei. Todos entendem o que é melhor para mim, só não sentem o que eu sinto, só não vêm o que eu vejo, só não sofrem o que eu sofro.
A Lei protegeu os seus interesses, e os meus, quem os protege?
Este novo pai que me abandonou e que uma palavra, num científico teste obrigou a assumir-se, ele não me conhece, eu não conheço.
Este senhor descobriu o amor por mim, através da palavra POSITIVO? Ou o seu desejo de me ter foi igual ao desejo de ter um carro novo?
Não consegui entender ainda os sentimentos que o fazem querer-me, amor não podia ser certamente, o amor não bate assim, nem sequer me conhecia, nem um pouco que fosse, nem na melancolia do arrependimento, podia nascer de súbito o nobre sentimento.
Aliás se dele tivesse dependido, eu teria perecido, já que ele não teria o teste que o certificasse como pai.
E o que fez a Lei, aqueles que eu amo, aqueles que por mim arriscaram o conforto de suas vidas, sem nada exigir, sem nada pedir, nem sequer um teste sobre a minha saúde, se era cega ou surda, se sofria de maleita grave, nada, nem sequer um teste sobre a sida, nada pediram. Acolheram-me no seu regaço, deram-me um delicioso e confortável colo e abriram os braços do amor.
Foram eles tambem punidos, como eu. A Lei ditou, os Juízes cumpriram, tal uns algozes, destruíram a minha família, o meu equilíbrio a minha curta mas feliz vidinha.
Obrigaram-nos a viver no sufoco, fugindo daqui para ali e dali para aqui, mas a Lei encontrou-nos e despedaçou de vez as nossas vidas.
O meu paizinho foi preso, por amor, por recusar entregar-me a um estranho que se dizia meu pai, tinha um papel que o certificava, um papel que a ciência lhe deu.
Cheguei a odiar a ciência mas ela não tinha culpa, a culpa era da Lei.
Sofri com a falta do meu paizinho, assustei-me muito, a minha mãezinha tentava enganar-me mas eu esperta, sabia bem que ele estava preso, senão alguma vez ele me deixaria tanto tempo sem me dar os beijinho de que tanto gosto? Nunca, ele ama-me tanto que por mim morreria, eu sei!
Estava preso em nome da Lei, dos homens, não em nome do amor, mas sim, por amor.
Homens e mulheres que se dizem inteligentes cometeram esta barbárie. Mas eles estão protegidos pela Lei.
Fui assim punida durante meses, eu tambem, não pude abraçá-lo, dar-lhes beijinhos e brincar com ele, fiquei sem pai.
A lei dizia que eu tinha um, eu tinha a certeza de ter outro e naquele momento não tinha nenhum, nem o que me amava, nem o que me queria como um automóvel novo.
Um que não me aceitava sem a PROVA e outra que me dava a maior das provas… de amor. Prisioneiro, por me defender de um estranho a quem a Lei deu o direito de fazer de mim o que entender.
Era tão pequena que não entendia a lei dos homens.
Tão pequena que todos decidiram por mim, todos os estranhos decidiram por mim, porque aqueles que me amavam e protegiam, não lhes eram permitidos lutar.
A Lei proibia – os de me defender, vedava-lhes o direito.
E a Lei que tão esquecida, que estava de mim.
Eu era pequena e pensava que os pais eram aqueles que estavam lá sempre, quando tinha fome, quando tinha sede, quando ria ou chorava, quando estava triste ou alegre, que evitariam que qualquer estranho me levasse, me raptasse, que me protegessem sempre.
Mas descobri que a Lei é mais forte e que ganha sempre, mais forte daquilo que eu pensava.
A Lei diz e todos lhe devem obediência, a Juíza fala em nome da Lei, mas nunca a ouvi falar em meu nome.
A Lei permite ao meu novo pai, perseguir, pedir dinheiro, pedir a prisão dos meus paizinhos, mas ao mesmo tempo impede os meus paizinhos de pedir ao Juiz, o direito de continuar aquilo que sempre me fizeram, amar-me.
A Lei despertou em nós, sentimentos que não conhecia-mos até então, o medo que me levassem, o medo de como seria tratada, medo que me fizessem mal.
Eu consolava-os dizendo que não me ia embora, que ficaria ali para sempre, que não tivessem medo, eu própria mandaria á fava, todos aqueles que nos quisessem separar.
Não vou deixar-te paizinho, não vou deixar-te mãezinha.
A minha mãezinha sofria tanto que tinha dificuldade em estancar a sua dor. Que maldosa era a Lei, não escutava senão aqueles que me queriam arrancar, sem sequer me amar.
Eles no entanto sabiam que a Lei viria, e nada poderiam fazer, vinha aí a Lei dos homens, daqueles que têm a Lei do seu lado, podendo desrespeitar os indefesos a coberto da dita Lei.
Assim aconteceu, era inevitável, os estranhos mandaram e destruíram uma parte do meu pequeno coração, destroçando os meus paizinhos.
Era pequena e nada pude contra o peso da Lei. Porque não é ela minha amiga, essa tal de Lei?
No inicio irei ter todos os brinquedos do mundo, irão comprar-me um cão, um gato e até a lua se pedir. Eles redobrarão de cuidados para me manter a sorrir.
Os meus paizinhos não estarão lá para me proteger, serei sequestrada, numa casa que irei aos poucos descobrir, uma nova família, cheiros diferentes, vistas e ruídos diferentes, formas de falar diferentes.
Já ouvi uns quantos palavrões bem pesados, mas a minha mãezinha proibiu-me de os repetir. E eu não posso desrespeitar a Lei. A omnipotente Lei.
Tenho que ter cuidado, chegou a hora, chegou a hora de obedecer aos estranhos que a mando da Lei me punem, sem que eu tenha qualquer culpa.
Lá vou eu no novo carro do meu novo pai, fui encontrar uma nova casa velha, um quarto novo para o qual não tive o direito sequer de escolher um boneco, um novo meio irmão mais velho, uma nova velha avó e até a mãe do novo irmão, que quer que a trate como se fosse a minha mãezinha, mais uma nova.
Encontrei a montanha de novos brinquedos, só não encontrei um novo amor, tinha só o velho, o que sentia pelos meus paizinhos.
Estava ali em nome da Lei. À força, retirada do meu ninho, em nome da Lei, a mesma que assegura tudo a uns e penaliza os outros.
Quando for grande quero ser deputada, para ter as reformas, as reformas e benefícios que a Lei confere a todos eles. Deve ser muito bom, só não entendo o porquê do meu vizinho agricultor que aos setenta anos lá continua a trabalhar para poder sobreviver. Mas eu sou pequena e a Lei é que sabe. E depois temos juízes que nos obrigam a cumprir a dita Lei.
Estou preocupada com a minha situação, tenho que ser hábil e esperta, tenho que encontrar uma bóia de salvação.
Farei tudo o que me disserem, rasarei os muros da obediência, beijarei todas as caras que me apresentarem, a minha sobrevivência depende de mim.
Os meus paizinhos não me podem proteger. Nada farei que possa provocar a ira contra mim, esta nova família que me impuseram não me punirá, direi o que quiserem que diga e pensarei através deles.
Na nova escola serei uma menina atenta e brilhante, escolherei um lugar ao pé da professora que me pareceu muito simpática, talvez ela me ajude, a minha mãezinha quando me vir ficará orgulhosa de mim. Ela sempre me ensinou muitas coisas e lembrou-me que a escola é para levar a sério.
Tenho medo que façam mal aos meus paizinhos, talvez até prendam a minha mãezinha como fizeram com o meu paizinho, mas ela será forte e aguentará.
A única dificuldade é estarmos tanto tempo separadas.
Esta família parece odiá-los, por isso eu vou calar a minha boca, e nem falarei uma só vez neles. Tenho que ser esperta.
Tentarei distrair-me com os brinquedos e a escolinha e tentarei ser um pouco feliz, como se fosse possível viver feliz sem amor…
Tenho muito medo, não quero estar sozinha nem um minuto. O pior será quando o pai novo sair para trabalhar, depois de gastar o dinheiro que os paizinhos foram obrigados a pagar-lhe, mais uma vez em nome da Lei. Quando o dinheiro acabar, as coisas deixarão de ter o brilho que hoje têm e eles irão ser mais verdadeiros. Eu sei que o Natal não dura todos os dias e o meu irá acabar tambem.
Está frio nesta casa, á noite tenho medo, resta-me apenas o colo do pai novo. Ele até irá gostar e será mais simpático ainda.
Talvez ande comigo de moto 4, de cabelos ao vento, ou até me deixe comer um monte de bolos de uma só vez. Daqui mais um tempo peço-lhe um telemóvel.
As pessoas estranhas olham para mim como se eu fosse um troféu de caça, sinto-me mal e não me posso esquecer de os beijar a todos, até aos barbudos mal cheirosos.
Todos me tocam, todos falam de mim e dos meus paizinhos, são todos muito estúpidos, tirando a professora, mas ela não é uma estranha.
Uma coisa boa, deixei de dar banho todas as noites, todos me querem ver nua e eu não gosto nada.
À noite vou deitar-me e é o pior dos momentos, sinto a falta dos meus paizinhos, tento não chorar mas não consigo.
Uma nova médica, faz parte do lado da Lei e ela decide tudo, então tenho que ser muito esperta para não me deixar enganar.
Ela é perigosa, ela ajudou tirar-me aos meus paizinhos.
Não confio em ninguém, a Lei está do lado dos estranhos.
Eu pensava que a Lei era sinónimo de Justiça, mas não é! A lei é á
Lei, justiça é outra coisa, não é isto certamente.
Amo-vos meus paizinhos, quando a Lei não mandar eu irei embora desta prisão onde me mandaram em nome da Lei que defendeu o meu pai novo e puniu os que me amam.
Em nome da Justiça eu não vos perdoarei facilmente do mal que me estão a fazer. Quando for grande, ai quando for grande…





sábado, 7 de fevereiro de 2009

Esmeralda/Ana Filipa - Uma só!

Perguntamo-nos porque é que algumas pessoas parecem ficar tão ofendidas porque chamamos também FILIPA À ESMERALDA.

Talvez alguma Filipa os tenha tratado muito mal, ou perderam alguma Filipa... As respostas já foram dadas por alguns comentários.

Por outro lado, quando lhe chamamos Pérola Preciosa, ou quando a comparamps com a Força, a habilidade, ou a doçura de um cavalinho branco e veloz, ninguém se incomoda. Os adultos são mesmo muito complicados.

Pois é, quem convive duma forma séria com as crianças, sabe bem que:

  • Se chamam frequentemente nomes doces às crianças
  • Quando falamos com eles, por vezes começamos uma frase e eles terminam
  • As crianças não se ofendem à altura dos grandes que fazem as guerras por coisas tão mesquinhas
  • As crianças na sua pequenez, são capazes de gestos e aceitação gratuitos, actos dignos que nos deveriam envergonhar

VIVA ESMERALDA

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Comentário da Direcção do Blog a Maria de Lourdes

Maria de Lourdes,

O seu contributo para este espaço de reflexão tem sido muito valioso. Revemo-nos totalmente nos seus sentimentos e por isso, tomamos como nossas as suas palavras.

Nesse sentido, apelando ao seu elevado sentido de missão, que tão bem tem demonstrado, pedimos-lhe que em conjunto com a direcção do blog, se torne colaboradora activa do sitio Por Esmeralda.

Para tal, por favor faça-nos chegar um email a por.esmeralda@gmail.com, para se poderem trocar ideias.

Bem haja

Viva Esmeralda

Mensagem de Maria de Lourdes em 05/02/2008

Esta MENSAGEM É PARA MIM UM ACTO DE RECONCILIAÇÃO COMIGO MESMA E COM
TODOS OS QUE DESDE O DIA 14 de Janeiro têm tentado através do DESTAK e do artigo do Sr.Dr. Eduardo Sá partilhar opiniões, experiências de vida concreta e onde também pensei que era possível um diálogo positivo sem magoar nem ofender porventura os que pensam de forma diferente da nossa. Tal não aconteceu...
Talvez por isso e apenas com uma imensa tristeza ma sinto impulsionada a fazer aqui um apelo.Fi-lo ontem já pela madrugada nos comentários do DestaK e renovo-o agora na ESPERENÇA de que as minhas palavras cheguem um pouco mais longe e façam eco junto dos que teimam em acreditar que a nossa ESMERALDA-ANA FILIPA há-de crescer INTEIRA E FELIZ.
Para os que continuam a querer ganhar ou(perder)com discursos repetidos e alienados,por uma VERDADE que julgam apenas ser propriedade de uma das famílias
Julgo ser um AVISO PARA TODOS INCLUINDO-ME A MIM de que não será daquela forma que a nossa TOLERÂNCIA pode ser VIRTUDE.
PENSO que é TEMPO DE PARARMOS.É sinal do "HUMANO" QUERER GANHAR
Se como todos afirmam, e o que nos move é o BEM ESTAR e a FELICIDADE da Pequenina ESMERALDA-FILIPA, DEVEMOS por respeito a ELA, calar o nosso sentimento de querer VENCER pelas palavras.Foram partilhadas idéias,testemunhos, opiniões mais e menos teóricas sobre os acontecimentos, discursos cheios de conteúdo e de saber.Julgo que enriqueceram aqueles de nós que não sabendo TUDO, se mantiveram na atitude de aprender;do DAR E RECEBER. Relendo TUDO. tomamos consciência de que quem certamente se JULGA GANHADOR EM QUANTIDADE DE COMENTÁRIOS, Foi PERDADOR no conteúdo e na NEGAÇÃO DO AMOR que manifestamente APREGOOU...
FOI E É POR AMOR À ESMERALDA-FILIPA
Aos pais que a acolheram, assumiram e amaram sem nada pedir em troca; e porque não pensando também no pai Baltazar que sendo jovem, amante da vida sem responsabilidades A FECUNDOU SEM UM AMOR ASSUMIDO. Talvez agora na sua atitude mais coerente de pai assumido,com maturidade será capaz de ter uma GRATIDÂO ETERNA por ter recebido pela LEI DOS HOMENS(que por vezes tem dois pesos e duas medidas) UMA MENINA linda,alegre,elegante,delicada e bem disposta, com SAÚDE sinal que foi muito bem tratada...
Os seus olhos castanhos e lindos e o seu cabelo castenho também (apenas a conheço por fotografia) são o seu elo a uma parte da herança da AIDIDA, sua MÃE BIOLÓGICA que a ASSUMIU SÒZINHA E DESPROTEGIDA DE TUDO.
SE AIDIDA a tivésse magoado, se a tivésse destruído, HOJE NINGUÉM A RECLAMAVA COMO SUA e não estaríamos aqui a falar DELA.
CREIO QUE SEMPRE SERÁ ASSIM, porque NINGUÉM É DONO DE NINGUÉM.
FICOU provado que existiram e existem ofensas e desamores de todas as partes...
ATÉ NÓS... Na ânsia de ajudar não soubémos talvez encontrar a forma mais correta...
Estou certa que em maioria, não conhecemos de perto estas FAMILIAS ou FAMILIA, mas fomos capazes de dar tantas horas dos nossos dias a querer afirmar UNS MAIS QUE OUTROS
AQUILO QUE SOMOS E O QUE TEMOS DENTRO DE NÓS MESMOS.
A ESMERALDA, A ANA FILIPA É UMA SÓ.
POR MIM GOSTARIA QUE PERMANECESSE INTEIRA JUNTO E PARTILHADA POR TODOS OS QUE AFIRMAM QUE A AMAM.
TODOS terão de fazer cedências,
TODOS terão de abdicar de si próprios EM FUNÇÃO DO SEU CRESCIMENTO e da SUA CAMINHADA NA VIDA.

Porque será que nos custa tanto admitir e perceber que a MENINA precisa agora mais que nunca de TODOS???

A ESMERALDA/FILIPA tem agora DUAS FAMILIAS. OS QUE A CRIARAM,AMARAM E MELHOR A CONHECEM E OS QUE (por razões que só o coração entende começaram a desejá-la e agora a conhecê-la.

Mas, ACREDITEM QUE SÒ O AMOR PARTILHADO, poderá pÔR a SUA VIDA EM MOVIMENTO E ILUMINAR A SUA CAMINHADA...
ELA É tão pequena ainda...PRECISA SIM DE DOIS PAIS, DAS DUAS MÃES, DA Dª ILDA, do RUBEN, PERA CRESCER FORTEMENTE AMPARADA POR TODOS ESTES LAÇOS DE TERNURA.

OS "PAIS que com ela desde bébé saborearam a ternura e s riqueza de ver e sentir desabrochar uma CRIANÇA, e com eles aprendeu a ser menina, todo o agregado que generosamente a recebeu no seu regaço e com quem também aprendeu algo da vida...
Agora a família biológica que com um AMOR AINDA A EXPERIMENTAR O DESCONHECIDO, teimam e desejam vê-la crescer e quem sabe dar-lhe tudo e recuperar a "CULPA" pelo tampo que desperdiçaram.

Estou e estamos certos que TODOS A DESEJAM VER CRESCER EM LIBERDADE,AJUDÁ-LA A SER JOVEM CORAJOSA, VELOZ E DELICADA COMO UM CAVALINHO BRANCO (O SEU NOME OFERECIDO) = FILIPA = SIMBOLIZA ESSA MESTRIA E HABILIDADE...
MAS, será sempre a PÉROLA PRECIOSA
(HERANçA OFERECIDA pela MATRIARCA =
ESMERALDA = SIMBOLO da ligação à sua AVÓ PATERNA...

Os fios de sangue que correm nas nossas veias são todos da masma Côr VERMELHOS. Hoja e no mundo actual as dádivas de um coração ou de outro orgão doado NUNCA FORAM RAZÂO NEM MOTIVO DE DESUNIÃO ENTRE OS SERES HUMANOS. O SANGUE derramado nestas dádivas, NÃO TÊM NOME,NEM NÚMERO;NEM DONO. São obra da evolução da ciência dos homens, São gestos MISTERIOSOS DE GRATIDÃO
PARA COM OS QUE PARTIRAM e nessa DÀDIVA permitem que outros continuem a percorrer o seu caminho de VIDA...

AMIGOS, não alimentemos mais discursos nem respostas que nos afastem deste AMOR PARTILHADO.
AMOR IGUAL À ÚNICA E PODEROSA FORÇA CAPAZ de TRANSFORMAR UM "INIMIGO" NUM AMIGO SINCERO.
QUE a Paz e a Esperança alimente os nossos pensamentos, em desejos de UNIÃO e FRATERNIDADE...
Deixo-vos este pedido pela nossa pequenina Pérola que no dia 12 VAI FAZER SETE (7) anos de Vida.
Sejamos capazes de motivar estas
FAMILIAS PARA EM CONJUNTO FAZEREM
A FESTA que ELA TANTO MERECE...
Daqui o meu apelo Á Drª ANA VASCONCELOS para fazer deste sonho realidade...

Se fôssemos capazes de imaginar QUANTA SERIA A FELICIDADE DA ESMERALDA-FILIPA? Se TODOS JUNTOS LHA CANTASSEM OS PARABÉNS ?

COMO SE FOSSEM UM SÒ...
POR ELA ESTE È O MOMENTO
EM QUE A CHAMA DO AMOR E
DA UNIÃO PODERÀ ACENDER-SE...
ALIMENTAR ESSA CHAMA SERÁ TAREFA CONTINUADA E PEDIDA A CADA UM...
A CHAMA ARDENTE SERÁ EXPRESSÃO PARA
CONSTRUIR O FUTURO SERENO DE CADA CORAÇÂO QUE AMA
5/2/200) 03H11 - Maria de Lourdes